Zoneamento bioclimático para bovinos leiteiros em Santa Catarina
Caracterizar a condição térmica do ambiente para a bovinocultura leiteira no estado de Santa Catarina foi o objetivo do trabalho de conclusão de curso de Agronomia, da então estudante Andressa Kemer, que executou seu projeto no ano de 2017. O projeto foi realizado com a coordenação das professoras Carine Lisete Glienke, da Coordenadoria Especial de Biociências e Saúde Única, e Leosane Cristina Bosco, do Departamento Agricultura, Biodiversidade e Florestas – UFSC/Curitibanos. Mais informações sobre o projeto podem ser acessadas clicando no link.
Figura 1. Apresentação do trabalho no Congresso Brasileiro de Zootecnia, Goiânia/GO, 2018.
(Fonte: Andressa Kemer)
A partir de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Andressa criou uma base sistematizada com informações de temperatura instantânea do ar (°C) e de temperatura de ponto de orvalho (°C), para oito regiões de estudo, considerando as zonas agroecológicas (Figura 2) dentro do estado Catarinense, pelo período de 2008 a 2016.
Figura 2. Zonas agroecológicas do estado de Santa Catarina usadas no estudo (THOMÉ et al., 1999).
Foram calculados o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) para o período e a estimativa de Declínio da produção de Leite (DPL) para três níveis médios de produção, finalizando com a identificação da ocorrência de períodos críticos para a produção leiteira no estado. Estes resultados do estudo foram apresentados pela estudante Andressa em sua banca de trabalho de conclusão de curso, e podem ser acessados clicando no link.
O estudo teve continuidade e os resultados foram agrupados de modo a gerar mapas com o zoneamento bioclimático para a produção de leite no estado de Santa Catarina. Os resultados finais do estudo foram publicados na revista científica Brazilian Journal of Development, na edição do mês de maio/2020. O estudo pode ser acessado clicando no link.
Figura 3. Índice de temperatura e umidade (ITU) médios para o período de 2008 a 2016 nas
Zonas Agroecológicas Catarinenses. (Elaborado por Andressa Kemer)
Como resultado principal do estudo, foi identificado que o cenário geral do ambiente climático no estado de Santa Catarina é muito favorável para a produção leiteira, pois não observaram-se longos períodos de tempo onde as condições climáticas pudessem afetar de maneira representativa a produção de leite.
Por outro lado, houveram períodos críticos (alguns dias consecutivos em épocas específicas do ano, em algumas regiões) que podem levar à condições de estresse aos animais, o que irá refletir em perdas na produção de leite. A maior incidência de situações de alerta aos produtores pelo risco de estresse térmico aos animais concentraram-se nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Além disso, os eventos mais críticos foi identificados nas regiões 2C/3C (regiões agroecológicas do Vale do rio Uruguai e Noroeste Catarinense), ambas na mesorregião do Oeste Catarinense. Este fato torna-se relevante ao considerarmos a importância da atividade leiteira nestes locais.
Sendo assim, torna-se indispensável avaliar com atenção as condições regionais, especialmente em sistemas intensivos de produção, para definir estratégias de manejo adequadas, desfrutando assim do melhor desempenho no sistema de produção escolhido.